Período de Adaptação
“Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-la da maneira que ela pode aprender”.
O carinho e a atenção se revelam nos menores gestos. As aulas começam e cabe aos pais uma parcela muito importante na adaptação do filho à escola, principalmente se for a primeira vez. Elaboramos um guia prático, que poderá auxiliar no ajustamento à nova vida:
1 | Alguns dias antes do início das aulas deve-se preparar o retorno da criança à escola. Os pais devem contar a ela, numa linguagem bem simples, como é a escola, o que ela vai fazer lá, sem esticar muito o assunto, a não ser que ela faça perguntas. |
2 | Não se preocupe se ela chorar na hora da separação: é normal. Entretanto se após uns 10 dias as lágrimas continuarem convém mudar de tática. Lembre-se que nem sempre o choro quer dizer que a criança não pode ficar na escola. Muitas vezes representa uma chantagem emocional para manter a mãe em casa. Contudo, choros prolongados exigem atenção para se descobrir as causas, e é sempre bom um contato maior entre os pais e técnicos do Colégio. |
3 | Se os pais trabalham fora, principalmente a mãe, e não dispõe de tempo para superar o período de adaptação, o melhor é transferir a responsabilidade para alguém da família, mesmo os avós. A mãe, ao ficar preocupada com os horários, transmitirá ao filho sua ansiedade, e apenas piorará a situação. Além disso, se perceber que pode contar com a sua mãe numa hora em que sabe, ela deveria estar trabalhando, usará de todos os artifícios para mantê-la ao seu lado. |
4 | No Colégio, durante o período de adaptação, não faça nada para seu filho. Se ele pedir alguma coisa, force-o a procurar a professora, com quem deve criar laços afetivos e para quem deverá transferir suas necessidades e dependências. Na verdade, este é um dos pontos críticos, pois, por incrível que pareça, alguns pais sentem ciúmes da professora e julgam-se preteridos. A professora deve ser vista como uma nova aquisição afetiva, uma nova pessoa amiga e querida, e não a substituta da mãe. Para você enfrentar melhor este período de adaptação, leve um livro para ler ou algum trabalho manual. E lembre-se que a adaptação não dura muito. Previna-se contra o choro que é apenas uma chantagem emocional. Caso persista alguma dificuldade depois do prazo estabelecido pelo Colégio, é porque existe algum problema específico, que deve ser discutido entre os pais e a Supervisora. |
5 | Se seu filho bater ou apanhar de outra criança, não perca o controle. A criança não sabe dominar a sua agressividade e, sem capacidade de raciocínio, o ato físico é a linguagem mais eficiente para o agressor e para o agredido. Um dos trabalhos do Colégio é exatamente o de fazer as crianças perceberem que podem resolver as coisas de outras formas. Cada uma reage de um jeito: uma batendo, outras falando e outras ficando bravas. Contudo, não quer dizer que elas vão se esbofetear o ano todo. Com o tempo, a agressividade vai diminuindo. |
6 | Superado o período considerado normal de adaptação, seu filho pode continuar não querendo ir ao Colégio. Nesse caso, a situação passa a ser delicada e é conveniente uma conversa com os técnicos do Colégio (Orientação ou Supervisão), com o intuito de localizar o problema e tentar uma solução. |
7 | Muitos pais não têm condições de levar seus filhos ao Colégio e contratam uma condução. Apesar de bastante prático, espere a criança ficar bem adaptada e segura. Afinal de contas, é um mundo novo que ela está enfrentando. |
8 | Pode ser que o seu filho(a) fique isolado no Colégio nos primeiros dias de aula. Isso é muito comum em crianças. As menores exercem suas atividades separadamente, por não terem o nível de sociabilidade desenvolvido. Por sua vez, a professora está acostumada a enfrentar esse tipo de situação e promoverá sua integração ao grupo. |
9 | Uma criança, com um irmão nascido recentemente, dificilmente irá para o Colégio com tranquilidade. O Colégio lhe dará a impressão de que foi tirada de seu lugar em casa para cedê-lo ao irmão. Por isso, os Colégios geralmente aconselham os pais a não matricularem seus filhos imediatamente antes ou depois do parto. |
10 | O atraso na chegada não é aconselhável. É que a classe, a cada dia, reinicia um processo de descoberta do mundo. Assim, uma criança que chega atrasada pegará o bonde andando, isto é, não terá participação em toda a dinâmica da classe, com as brincadeiras já em andamento. Ela ficará menos participativa do que as outras crianças. |
11 | A hora de ir buscar seu filho também é muito importante. Ele tem necessidade de viver uma rotina no Colégio e ficará mais tranquilo se você for buscá-lo na mesma hora em que vão os pais das outras crianças. Qualquer demora poderá deixá-lo inseguro. |
12 | Não submeta seu filho a verdadeiros interrogatórios sobre o que ele fez e o que acha do Colégio. A curiosidade pode ocorrer da sua ansiedade e ele perceberá isso. Caso ele comece a falar do Colégio, é até muito saudável que você participe, compartilhando de sua euforia. Mas nada de inquisição. |
13 | Se a criança ficar agressiva após frequentar o Colégio, não arranque os cabelos. Isto também é normal, pois é a primeira linguagem do grupo que ela leva para casa. Além disso, o Colégio é um mundo novo, que pode lhe provocar algum desequilíbrio nos primeiros tempos, ficando, por isso mesmo, mais agitada. |
14 | As roupas do seu filho devem ser práticas e simples. Nada de enfeitá-lo para ir ao Colégio, pois a roupa não deve tirar sua liberdade. O necessário é o uniforme do Colégio. |
15 | O lanche deve ser preparado com alimentos saudáveis e nutritivos, acompanhados de suco de frutas ou leite. O lanche é muito importante, pois se transforma num instrumento de reunião da classe. As crianças trocam lanches, sentam-se juntas para comê-los. Um lembrete: não se esqueça da lancheira. |
16 | E se a criança quiser levar um brinquedo para o Colégio? A norma é Não levar, pois forçosamente irão querer brincar com ele e, nesta fase o grau de sociabilidade é pequeno para o proprietário dividi-lo com os colegas. |
17 | E se a criança quiser levar um brinquedo do Colégio para casa? A resposta deve ser não, para haver um limite: as coisas do Colégio são para ficar no Colégio. |
18 | Prepare-se para contar a seu filho várias vezes a mesma história. Ele está na idade de se interessar por histórias, e será estimulado no Colégio. E qual a razão da repetição? É que a criança não domina com segurança a estrutura narrativa, não captando inteiramente a história. Assim, ela pede para repetir. Tenha paciência, é um dos instrumentos importantes para o desenvolvimento do seu filho. |
19 | Se você tiver qualquer tipo de dúvida quanto à conduta a ser adotada, sobre os métodos, sobre o comportamento do seu filho(a), procure, sem inibições os técnicos do Colégio (orientação/supervisão). Procuraremos responder às suas perguntas. |
20 | É engano pensar que filhos de casais separados terão maior dificuldade de adaptação ao Colégio. Se eles têm segurança, se vivem numa situação de estabilidade, numa rotina tranquila, não enfrentarão qualquer problema. Nível de sociabilidade desenvolvido. Por sua vez, a professora está acostumada a enfrentar esse tipo de situação e promoverá sua integração ao grupo. |
21 | Com as histórias, o seu filho poderá demonstrar algum medo, por exemplo, do lobo mau. Na verdade, o medo é decorrente do fato de que a criança projeta no desconhecido a sua fantasia. As crianças super protegidas são mais sensíveis às grandes crises. No entanto, a própria criança irá elaborar esta situação e encontrará uma saída. Porém, o medo ficará permanente se for usado como arma de repressão pelos adultos, que ameaçam as crianças para obter comportamentos de acordo com sua conveniência ou comodidade. |
22 | Lembre-se de que é o Colégio que vai liberá-la do período de adaptação. Quando isto acontecer, mesmo que o filho(a) chore bastante, deixe-o. A professora já fez a avaliação, e o considera apto a ficar sozinho. É o Colégio que deve estabelecer o limite. |
23 | E, ainda, voltando ao período de adaptação, se o seu(a) filho(a) insistir em ficar perto de você no Colégio, não se precipite. Continue lendo seu livro ou fazendo seu tricô. Estimule-o moderadamente a ir juntar-se ao grupo ou a ir brincar. A professora saberá agir e virá convidá-lo para fazer alguma coisa. E, mesmo calada, procure relaxar. Ele(a) perceberá sua tensão pelas atitudes corporais. Afinal, está acostumado a vê-la em casa, e notará a diferença. |
24 | Alguns dias depois de você ser liberada da adaptação, não saia “fugida”, após deixar seu filho no Colégio. Despeça-se dele naturalmente. |
25 | Não procure tornar-se uma especialista em psicologia e educação infantil. Não tire conclusões apressadas. Geralmente o autodidatismo neste campo pode acabar provocando algumas distorções, ou mal entendido, em prejuízo do seu filho e da sua adaptação no Colégio. Confie sim, mas sem exageros no Colégio. Fique atenta e procure a orientação do Colégio. Lembre-se sempre: o Colégio precisa da sua confiança e acompanhamento. |
26 | Atenção! Tudo precisa ser mediado, criança tem que brincar de casinha, de bola, de barro, tem que ficar à toa, andar de bicicleta, ou seja, tem de aproveitar ao máximo essa etapa maravilhosa da vida. Até mesmo a estimulação precisa ser trabalhada com ponderação! Nada em excesso é positivo, portanto a estimulação excessiva também não é bem-vinda. Não podemos pressionar a criança para que aprenda, pois isso pode lhe tirar todo o desejo, porém não podemos nos omitir como pais e deixar tudo a cargo da escola. |
27 | Os pais devem ser os primeiros professores de seus filhos. A partir do vínculo de afetividade que eles têm com essa criança, é possível estabelecer uma rotina em que pais e filhos podem – e devem – se divertir e aprender diariamente. |
28 |
Na verdade não precisamos pressionar uma criança de zero a seis anos para que aprenda, pois se tivermos bom senso e um pouco de conhecimento do que ele pode (e deve) aprender em cada etapa e algumas técnicas, faremos nossos filhos mais inteligentes sem forçar a barra e, principalmente, sem saltar nenhuma fase de suas vidas. |